Unhas sujas
Mochilas rasgadas
Cabelo mal cortado, vida sem esperança de nada
Esse é o poema dos esquecidos
Dos largados e dos fracassados
Dos mal amados, dos que amaram mal
Dos que desejaram o mal
Dos que nunca souberam lidar com o formal
É esse o poema.
Poema desse bando de gente, poema desse bando de tal
Nunca serão nada
Nessa terra de engravatados
Nunca serão nada na cabeça desses bem educados
Esse é o lamento desse bando de tal
Que vivem em suas favelas
Seus buracos com quintal
Como sofre esse bando de tal...
Nasceram programados para não quererem nada
E para nunca sentirem-se como nada além de pobres largados
E o pior é que muita gente talentosa vive no meio desse bando de tal
Gente que infelizmente nunca conseguiu ter uma visão maior do que a de seu quintal.
Se alguém pudesse ao menos abrir o portão
Se alguém mostrasse ao menos que existe mais do que isso
Se alguém os visse como mais do que apenas um bando de tal...
Não os leve à mal
Os leve apenas além da fronteira de seu quintal...